Antigamente tu precisava ter coragem. Hoje, só precisa de Wi-Fi.
Antes tu escrevia uma carta à mão. Hoje tu reage com um emoji esperando que o outro entenda tudo o que tu não tem coragem de dizer.
Nos anos 80 e 90, se tu gostava de alguém, tu ia lá e falava. Cara a cara. Tu comprava flores, escrevia cartas, fazia ligação no fixo da casa da guria. E podia ser o pai dela que atendesse. Tu tremia, mas tu ia. Porque a única forma de conquistar era agindo. A vida era direta, exigia presença, iniciativa, coragem.
Hoje, pra sair com uma mulher, tu curte um story. Tu manda um flame no BeReal. Tu torce pra ela postar uma indireta no close friends. A nova geração virou especialista em esperar. Em torcer pelo acaso. Em fazer o mínimo esperando o máximo.
Tudo ficou raso. Sem energia, sem intenção, sem esforço. Os relacionamentos viraram um jogo de silêncio, onde ganha quem se importa menos. Ninguém quer se mostrar, ninguém quer se vulnerabilizar. Ninguém quer sair da bolha do celular. É mais fácil não sentir nada do que correr o risco de viver algo verdadeiro.
E isso não se limita ao amor. É em tudo.
É a geração que gasta salário com aposta. Que vive endividada com tênis parcelado em 12x. Que chama de ansiedade o que na verdade é consequência de não fazer nada da vida. É a geração que se compara com quem não conhece, se esconde por trás de filtro, acha que liberdade é trabalhar de fone no Starbucks e que coragem é postar um textão sobre saúde mental no Instagram sem fazer nada de concreto pra melhorar a própria.
Uma geração inteira crescendo emocionalmente atrofiada. Sem noção de conquista. Sem noção de esforço. Sem noção de mundo real.
E olha que ironia: nunca foi tão fácil vencer. Tu tem celular, internet, acesso a tudo. Tu pode estudar de graça. Criar. Investir. Testar ideias. Morar fora. Viver da internet. Viver como quiser. E mesmo assim, a maioria escolhe o caminho mais fácil: o da distração.
A vida virou um parque de diversões digital. E quem não se liga nisso vai sair do brinquedo tonto, perdido e frustrado. Vendo os poucos que focaram chegando longe, enquanto os outros colecionam vídeos salvos no TikTok de “motivação” que nunca virou atitude.
A real é que tu é o único inimigo. É contigo que tu briga todo dia. Com a tua preguiça. Com a tua vontade de largar tudo. Com a tua voz interna que te sabota.
E quem não entendeu isso ainda, vai ser só mais um. Mais um revoltado. Mais um frustrado. Mais um covarde que vai culpar o sistema, o governo, os pais, o algoritmo. Tudo, menos ele mesmo.
Então tu escolhe: ou tu entra no jogo de verdade, com postura, com disciplina, com visão de longo prazo ou tu vai passar a vida inteira esperando o outro curtir teu story de volta.